Um homem pode amar outro por toda a Vida? No Teatro, sim. Atores, personagens, pessoas excepcionais se amam assexuadamente. O tempo inteiro. Como a legião de anjos da guarda. Posso afirmar com o coração tranquilo que amo meu amigo RENATO BORGHI e que nosso amor é recíproco. Ao vê-lo, atuando como um jovem de 83 anos no palco do Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, à Rua Dr. Vila Nova, em São Paulo, fiquei muito emocionado!
Ainda mais quando meu amigo, ao final do espetáculo (onde o público que lotava o Teatro aplaudia do primeiro ao último segundo, ovacionava em ode aos atores e suas impecáveis atuações de ouro, talento e virtuosismo) RENATO escreveu sua emoção no Programa da peça com estas eternas palavras que cravaram fundo em minha alma. “Ivan, um grande abraço e o prazer enorme de revê-lo! Renato Borghi”. Em êxtase de Felicidade perguntei-lhe “Como, Renato, atuar que nem um jovem, aos 83 anos?” E, ele prontamente me respondeu rindo, com seu carisma único “Com uma espinha dorsal de puro tungstênio!” E, perseverou “Você viu que porrada de espetáculo, como o público interagiu e colaborou?”
Bertold Brecht é sempre atual. O Teatro cumpre seu papel político e revolucionário, de ser a Arte Maior, a guerrilha eterna contra o fascismo e as tentativas da extrema-direita de retornar com a Ditadura Militar. Nestas horas, em uníssono, atores & plateia dizem NÃO! “O QUE MANTÉM UM HOMEM VIVO” com adaptação de Renato Borghi e sua mulher à época, a atriz Esther Go’es, estreou em um pequenino Teatro na Avenida São João, onde Dercy Gonçalves apresentava suas chanchadas, com enorme sucesso. O casal havia rompido com a trupe do Grupo Oficina Uzina Uzona, de José Celso Martinez Corrêa e partido para uma brilhante carreira solo, em plena vigência do período mais cruel e violento da Ditadura, na gestão de o Presidente General Emílio Garrastazu Me’dici. Este sucesso só tem se ampliado nas novas montagens do Teatro Promíscuo de Borghi, Companhia que fundou e vem acumulando premiações da Crítica e a ovação do público. Renato Borghi é o próprio Teatro Brasileiro. Premiado há décadas como ator, diretor, autor… E, meu amado amigo!
– Ivan Leyraud é ex-ator.
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